A POLIDEZ COMO FERRAMENTA DE PERSUASÃO EM PSEUDOCIÊNCIAS: uma análise pragmática de textos sobre misticismo quântico veiculados em blog

Nome: MARCOS VINICIUS RODRIGUES SILVA

Data de publicação: 28/08/2024

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
MARIA DA PENHA PEREIRA LINS Presidente
MÔNICA LOPES SMIDERLE DE OLIVEIRA Examinador Externo
RIVALDO CAPISTRANO DE SOUZA JUNIOR Examinador Interno

Resumo: Esta dissertação analisa textos pseudocientíficos que focalizam a mecânica quântica, sob a
perspectiva pragmática da linguagem, a qual se debruça sobre como o significado é
construído na comunicação em linguagem natural, principalmente nos sentidos veiculados
pelo não-dito; esta pesquisa baseia sua análise nos estudos da polidez de Lakoff (1975; 1977),
Leech (1983), Brown e Levinson (1987) e Kerbrat-Orecchioni (2006; 2010; 2013), bem como
no que tange à argumentação e persuasão, segundo os pressupostos de ethos, páthos e logos
propostos por Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996), revistos por Amossy (2007), Plantin
(2008) e Charaudeau (2010), a partir dos quais são observadas as estruturas semânticas,
sintáticas e pragmático-discursivas utilizadas para a construção de faces com o objetivo de
persuadir o leitor a adquirir um produto ou serviço. Para isso, utiliza-se uma metodologia de
abordagem qualitativa na análise de um corpus composto por seis textos retirados da aba
“blog” do site elainneourives.com.br, os quais divulgam ideias pseudocientíficas acerca de
conceitos da mecânica quântica, como vibrações, frequências e energia. Norteiam a pesquisa
os seguintes questionamentos: (1) De que maneira(s) a autora dos artigos de pseudociência
direciona o leitor a concordar com suas suposições? (2) Como as estratégias de polidez que a
autora utiliza em seus textos persuade seus leitores? (3) Quais são as estratégias linguísticas
que a autora utiliza para se aproximar do leitor? Constitui o objetivo geral deste trabalho
verificar o pressuposto de que a polidez funciona como ferramenta fundamental para a
persuasão do ouvinte/leitor no discurso pseudocientífico sobre misticismo quântico, de modo
a levá-lo não somente a crer em distorções científicas, como também a adquirir produtos e
serviços baseados em tais práticas conhecidamente não corroboradas pela comunidade
acadêmica. Inicialmente, traça-se a diferenciação entre ciência e pseudociência, à luz dos
estudos da filosofia da ciência e da própria mecânica quântica; seguida do recorte teórico que
embasa esta pesquisa; posteriormente, apresenta-se a metodologia juntamente com a natureza
dos dados a serem analisados; por fim, explora-se o corpus a partir da base teórica
apresentada. A análise indica que o misticismo quântico se apoia em uma suposta autoridade
científica e no uso descontextualizado de termos científicos para criar uma imagem de
credibilidade. Além disso, as estratégias de polidez, especialmente o uso de pronomes
pessoais e estratégias de polidez indireta como generalizações e sugestões indiretas, ajudam a
equilibrar a inclusão e exclusão do leitor, reforçando a autoridade e a empatia da autora, assim
como os modalizadores evitam compromissos definitivos e a protegem de retaliações,
enquanto os Atos Enaltecedores da Face (FFAs) demonstram gentileza e simpatia. Assim,
conclui-se que a combinação dessas formas de polidez, o tom explicativo e a linguagem
coloquial são eficazes na mudança de opinião do leitor e na promoção dos produtos
oferecidos, destacando a importância da polidez na persuasão no contexto de blogs.

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