O funcionamento dos adjetivos no contexto de uso das charges
Nome: DIANA RODRIGUES SARCINELLI DOS SANTOS
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 25/11/2020
Banca:
Nome | Papel |
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CARMELITA MINELIO DA SILVA AMORIM | Examinador Externo |
FERNANDA BORGES FERREIRA DE ARAÚJO | Examinador Externo |
GESIENY LAURETT NEVES DAMASCENO | Examinador Interno |
LÚCIA HELENA PEYROTON DA ROCHA | Orientador |
MARIA DA PENHA PEREIRA LINS | Examinador Interno |
Resumo: Esta tese se propõe a investigar, à luz do Funcionalismo Linguístico (GIVÓN, 1995, 2001; TOMASELLO, 1998; NEVES, 2018), o funcionamento argumentativo dos adjetivos nas charges, especialmente a força argumentativa desses elementos nas diferentes funções sintáticas em que ocorrem, relacionando aspectos sintáticos, semânticos, pragmáticos e discursivos conforme
preconizado pela teoria em questão. Aliadas ao Funcionalismo, as abordagens da Pragmática e da Argumentação (AUSTIN [1962] 1990; SEARLE, 1979; EEMEREN; GROOTENDORST, 1983; KOCH, [1984] 2002; 2010; 2017; AMOSSY, 2011), da Linguística Textual (MARCUSCHI, 2002; KOCH, 2004, 2014; CAVALCANTE; CUSTÓDIO FILHO, 2010; CAVALCANTE, 2013) e da
Multimodalidade (KRESS; VAN LEEUWEN, [1996] 2006) também foram utilizadas como base teórica nesta pesquisa. O corpus é constituído por 136 charges colhidas do site A Charge Online entre doze de julho de 2017 e quinze de julho de 2018, cujos temas são política e futebol. Neste total de charges, foram contabilizadas 195 ocorrências de adjetivos. Os resultados mostram que, nos contextos sintáticos (ROCHA LIMA, [1957] 2010; CASTILHO, 2010; NEVES, 2011), a maioria dos adjetivos ocorrem na função de adjunto adnominal, que corresponde a 65,7% dos adjetivos observados, 33,3% funcionam como predicativo do sujeito e apenas 1% deles ocorre como predicativo do objeto; no
contexto semântico (BORBA, 1996; CASTILHO, 2010), 54,3% são adjetivos qualificadores, 43,1% são classificadores e 2,6% dos adjetivos são dêiticos; no contexto pragmático-discursivo, os adjetivos atuam como um importante fator de argumentação, porque sua característica no contexto das charges é ser manipulativo performativo, na medida em que seu funcionamento argumentativo no discurso é contribuir no processo de manipulação do leitor, no sentido de direcionar seu olhar para outro ponto de vista, fazendo com que ele interprete a argumentação posta nesse gênero textual. Averiguou-se que os adjetivos na função de predicativo do sujeito são mais fortes argumentativamente (83,1%) em comparação com os outros que ocorrem na posição sintática de adjunto adnominal (34,4) ou predicativo do objeto (0%). Constatou-se também que a maioria dos adjetivos qualificadores ocorrem na função sintática de predicativo do sujeito e foram empregados com força argumentativa alta (84,7%), que a maioria dos classificadores ocorrem funcionando como adjunto adnominal e
apresentam força argumentativa baixa (74,7%), e que os dêiticos são minoria, ocorrendo com mais frequência como adjunto adnominal e com força argumentativa equilibrada (50% baixa 50% alta). Valemo-nos de critérios pragmático-argumentativos com base, principalmente em Givón (2001), Koch
([1984] 2002; 2010) e Amossy (2011) combinados com outros aspectos de natureza sintática, semântica e morfológica, alicerçadas em Bastos (1993), Castilho (2010), Koch ([1984] 2002; 2017), e de natureza não verbal (KRESS; VAN LEEUWEN, [1996] 2006) para interpretar a força argumentativa dos adjetivos. Além de os adjetivos contribuírem para a construção da argumentação na charge, devido à força argumentativa que possuem, eles emergem no discurso, veiculando valores semânticos associados às intenções que o chargista pretende trazer em seu texto, conduzindo o leitor da charge a interpretá-la e, a partir daí ser influenciado ou não a pensar segundo a mensagem da charge, já que os adjetivos apresentam valores subjacentes e subjetivos influenciadores na transmissão dos sentidos.