REDISCURSIVIZAÇÃO DE CONTOS DE MACHADO DE ASSIS EM SALA DE AULA: EXPERIÊNCIAS DE LEITURA LITERÁRIA E AUTORIA RESPONSIVA EM AMBIENTES DIGITAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL II

Nome: ROGÉRIO CARVALHO DE HOLANDA

Data de publicação: 04/09/2025

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
JANAYNA BERTOLLO COZER CASOTTI Examinador Interno
LETÍCIA QUEIROZ DE CARVALHO Examinador Externo
LUCIANO NOVAES VIDON Presidente
SANDRA MARA MORAES LIMA Examinador Externo
VIVIAN PINTO RIOLO Examinador Interno

Resumo: Este trabalho propõe compreender como a rediscursivização de contos de Machado de Assis em gêneros discursivos multimodais pode contribuir para um ensino transgressor e uma aprendizagem subjetiva e crítica de textos literários clássicos da literatura nacional no contexto escolar contemporâneo. Visa, ainda, refletir sobre o papel do produtor de textos na era digital na formação de leitores críticos, participativos e transformadores. O objetivo central da pesquisa é realizar a leitura literária de obras clássicas e a produção discursiva em ambientes digitais, considerando as condições sociais e culturais dos alunos, especialmente sua ampla inserção na cultura digital. Para tanto, foram propostas práticas de rediscursivização de contos machadianos para gêneros multimodais como fanfic, podcast, fanvídeo, videominuto, audiolivro e postagens em fanpages, entre outros, promovendo a circulação dessas produções em mídias sociais. A abordagem adotada fundamenta-se na concepção dialógica da linguagem, conforme o Círculo de Bakhtin (BAKHTIN, 2003 [1952-53]; VOLOSHINOV; BAKHTIN [1926] 1976; MEDVIÉDEV, 2012 [1928]), destacando a noção de autoria responsiva, a heteroglossia, o enunciado concreto e a dimensão ideológica da linguagem. A
proposta também articula os quadros teóricos dos novos letramentos (STREET, 1984; KLEIMAN, 2007) e dos multiletramentos (ROJO, 2009), compreendendo as práticas de linguagem como social, cultural e historicamente situadas. Para tratar da rediscursivização realizada pelos discentes — ao transpor gêneros do formato escrito para novas linguagens digitais e semióticas —, recorremos aos pressupostos teóricos do Círculo de Bakhtin (1997, 2003), às concepções de reescrita de Marcuschi (2002, 2005, 2008) e Fiad (2009, 2019), à noção de retextualização de Matencio (2006) e ao conceito de design discursivo dos estudos
sobre multiletramentos de Cope e Kalantzis (2000) e Rojo (2012), além das contribuições da Linguística Aplicada transgressiva (MOITA LOPES, 2013) e da produção escrita como prática discursiva situada (GERALDI, 2015). Em articulação com essas reflexões, realizamos também uma análise crítica das políticas linguísticas e educacionais que revelam o (não) lugar das tecnologias digitais no ensino de leitura literária e produção de textos, com base na Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017) e no Currículo do Estado do Espírito Santo (2020), apoiando-nos nas contribuições de Rojo (2017), Pennycook (2001), Calvet (2006), Moita Lopes (2006) e Rajagopalan (2003). A análise das produções discentes em ambientes digitais, com base na perspectiva enunciativo-discursiva e nos estudos sobre leitura literária crítica (JAUSS, 1994; DALVI; REZENDE; JOVER-FALEIROS, 2013; ZILBERMAN, 2009; ROUXEL, 2013, 2013a; REZENDE, 2013, 2018; BORDINI; AGUIAR, 1988), evidencia o papel do estudante como agente de
letramento e produtor de sentidos, engajado na construção de discursos responsivos, estéticos e éticos. Além disso, dialogamos com autores que abordam a cultura digital e seus impactos na educação (BAUMAN, 1999, 2001, 2007; LÉVY, 1999; CHARTIER, 1999; MARCUSCHI, 2005, 2008, 2010; SANTAELLA, 2014; COSCARELLI, 2002, 2007, 2018, 2019; XAVIER, 2010; RIBEIRO, 2007, 2019), analisando como a multimodalidade e a hipertextualidade reconfiguram as práticas de leitura e escrita. A pesquisa adota uma metodologia qualitativa, fundamentada na perspectiva dialógica da linguagem de Bakhtin, aplicada às Ciências Humanas,
e na metodologia da pesquisa narrativa em educação (PRADO; SERODIO, 2015), incorporando vozes da Linguística Aplicada crítica (STREET, 1984; KLEIMAN, 2007; ROJO, 2009). Também se fundamenta nos aportes da educação linguística
crítica (CAVALCANTI, 2011; MONTE MÓR, 2011), cuja proposta se ancora em práticas de linguagem emancipatórias, responsivas e sensíveis às pluralidades de vozes, culturas e modos de vida dos sujeitos escolares. A análise das atividades
desenvolvidas com estudantes do 8º ano do Ensino Fundamental evidencia que a rediscursivização digital de contos machadianos possibilita a reatualização do clássico literário, o exercício da autoria crítica e o fortalecimento de uma escuta pedagógica comprometida com práticas democráticas e com a valorização da linguagem como espaço de posicionamento ético, social e político.

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