O TRABALHO COM A ARGUMENTAÇÃO ORAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA
ANÁLISE DIALÓGICA DO GÊNERO DEBATE EM DOIS LIVROS DIDÁTICOS DE
LÍNGUA PORTUGUESA

Nome: JOSÉ ROBERTO WOLF CARVALHO

Data de publicação: 20/12/2024

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
JANAYNA BERTOLLO COZER CASOTTI Examinador Interno
LUCIANO NOVAES VIDON Presidente
RAFAEL DA SILVA MARQUES FERREIRA Examinador Externo

Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo investigar o ensino da argumentação oral no
contexto da educação básica brasileira, com foco específico no gênero discursivo
argumentativo debate. Com base em uma análise dos dois livros didáticos mais
utilizados nas escolas estaduais de Ensino Médio do estado do Espírito Santo e das
diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o estudo busca entender
como o debate é tratado pedagogicamente e suas implicações para o
desenvolvimento das capacidades argumentativas dos estudantes. Partindo da
premissa de que a prática da argumentação oral é muitas vezes negligenciada em
relação à argumentação escrita – especialmente no preparo para exames seletivos
como o ENEM, que priorizam textos dissertativos –, o estudo propõe o debate como
um instrumento essencial para o letramento argumentativo (Azevedo, 2019) e a
formação de cidadãos críticos e participativos. Para o desenvolvimento desta
pesquisa, o embasamento teórico é construído sobre os pressupostos do Círculo de
Bakhtin (Bakhtin, 2003; 2006; 2008; 2010; 2013; 2016; Volóchinov, 2013; 2018), que
defendem o dialogismo como princípio fundamental da interação discursiva. No
debate, as ideias são continuamente construídas e reformuladas a partir do confronto
de múltiplas vozes, promovendo uma compreensão dinâmica e interativa do discurso.
Essa abordagem permite que os discentes experimentem o conceito bakhtiniano de
“responsividade”, em que cada discurso é uma resposta a enunciados anteriores,
gerando uma cadeia contínua de significados. O dialogismo, portanto, oferece uma
base para que o debate seja entendido como uma prática de construção coletiva do
conhecimento, alinhada com a formação de cidadãos capazes de interagir de maneira
ética e reflexiva na vida pública. A análise também se apoia no Modelo Dialogal de
Plantin (2008), que caracteriza o debate como uma situação argumentativa tripolar,
composta por Proponente, Oponente e um Terceiro. Esse modelo estrutura a prática
argumentativa de maneira a facilitar a compreensão do papel de cada interlocutor e o
desenvolvimento da capacidade de negociar significados e considerar perspectivas
divergentes, tomando o gênero discursivo não apenas como uma tentativa de
persuadir o outro, mas como uma prática que se realiza na interação entre sujeitos
em um diálogo. Ademais, as proposições de Zarefsky (2009) e Grácio (2023) a favor
de uma Cultura da Argumentação configuram um outro referencial teórico relevante
a este estudo, pois ressalta a importância da argumentação como uma prática ética
e colaborativa, que visa ao entendimento mútuo e à resolução de conflitos. Dessa
forma, esta dissertação reforça a necessidade de uma prática pedagógica que
valorize a argumentação oral, evidenciando seu papel no desenvolvimento das
capacidades exigidas para o exercício pleno da cidadania e para a construção de uma
cultura democrática de diálogo e respeito à diversidade de opiniões.
Palavras-chave: Argumentação oral. Debate. Dialogismo. Letramento
argumentativo. Cultura da argumentação.

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