CORONAVAC E A GENEALOGIA DO NEGACIONISMO VACINAL: UMA ANÁLISE DO DISCURSO DIGITAL ANTIVACINA NO FACEBOOK DURANTE A CRISE SANITÁRIA DA COVID-19 NO BRASIL
Nome: ANA PAULA MIRANDA COSTA RIBEIRO
Data de publicação: 20/08/2024
Banca:
Nome | Papel |
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FABIO CASTRO GOUVEIA | Examinador Externo |
FABIO GOMES GOVEIA | Examinador Interno |
FABIO LUIZ MALINI DE LIMA | Presidente |
JULIA MARIA COSTA DE ALMEIDA | Examinador Interno |
MARCELA TESSAROLO BASTOS | Examinador Externo |
Resumo: O objetivo de nossa pesquisa foi identificar a genealogia do negacionismo vacinal no Brasil
em 2020, partindo da premissa de que a discussão pública sobre a segurança e a eficácia da
coronovac é o fato desencadeador de um ceticismo vacinal que reverberou nos ambientes
digitais. Buscamos identificar quais discursos estavam em confronto no contexto do
desenvolvimento da coronavac, e quais atores estavam em disputa para dominar o debate. Para
alcançar esse objetivo, buscamos estabelecer uma análise do discurso digital (PAVEAU, 2021)
das publicações antivacina, englobando 45.097 postagens públicas em português realizadas no
Facebook no período de 17 de março de 2020 a 30 de novembro de 2020, durante a fase de
testes de imunizantes. A coleta dos dados foi feita por meio do CrowdTangle, ferramenta digital
de extração de dados disponibilizada pela Meta, com análise posterior por meio do software
Ford, desenvolvido pelos pesquisadores do Laboratório de Estudos sobre Imagem e
Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A partir da modelagem
dos dados, e da elaboração de grafos por meio do Gephi, identificamos as principais
características enunciativas, léxicos, atores e categorias temáticas das publicações antivacina,
enquanto estabelecemos a genealogia do negacionismo vacinal no contexto da pandemia do
novo coronavírus. Para interpretar os dados obtidos, elencamos a análise do discurso digital
(PAVEAU, 2021), para entender como aconteceu a construção dos sentidos das postagens
antivacina ao longo do tempo, empreendendo uma análise perspectivista de rede (MALINI,
2016). Para compreender o processamento cognitivo dos conteúdos falsos compartilhados nas
redes sociais, usamos as noções de noção de virtude discursiva (PAVEAU, 2015), para
entender quais eram os discursos acolhidos como verdade naquele determinado contexto sociohistórico, e a de pré-discurso (PAVEAU, 2013), que nos permite compreender os mecanismos
cognitivos acionados no processamento das informações pelos usuários. A noção de vontade
de verdade (FOUCAULT, 2014 e 2015) também nos deu subsídios para entender as disputas
de poder entre os enunciadores. Constatamos que, em um momento crucial da pandemia do
novo coronavírus, quando estavam sendo desenvolvidas vacinas específicas para o combate da
Covid-19, grupos ligados a movimentos políticos sobressaíram-se no Facebook, politizando as
discussões a respeito das pesquisas de desenvolvimento dos novos imunizantes.