HIPÓCRITAS DO BRASIL: UMA ANÁLISE DISCURSIVA MATERIALISTA DE ESSA GENTE, DE CHICO BUARQUE
Nome: VITOR SIQUEIRA MACIEIRA
Data de publicação: 26/06/2024
Banca:
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Papel |
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KARINE DE MEDEIROS RIBEIRO | Examinador Externo |
LUIS FERNANDO BULHOES FIGUEIRA | Presidente |
PHELLIPE MARCEL DA SILVA ESTEVES | Examinador Externo |
Resumo: Este pesquisa social, bibliográfica, qualitativa e interpretativa objetiva analisar o discurso literário de Essa gente (2019), de Chico Buarque, mediante as concepções de Michel Pêcheux (1990, 1999, 2014a, 2014b, 2015a, 2015b) e de Eni Orlandi (1990, 1996, 2001, 2002, 2012, 2015a, 2015b) em relação à teoria do discurso. Tornam-se fundamentais, para nosso objetivo, além disso, os teóricos Louis Althusser com a noção de ideologia; Pierre Macherey e Terry Eagleton na discussão sobre literatura e discurso literário e Vladimir Safatle com a concepção de hipocrisia. Partimos do questionamento de como é articulada, discursivamente na obra, a representação simbólica da hipocrisia como traço de uma formação ideológica associada aos discursos das classes média e alta. Tal estudo se justifica, uma vez que tal materialidade apontaria não só para marcas das condições de produção brasileiras contemporâneas, as quais são reveladas ao longo do plano narrativo, como também pelas marcas históricas do processo de formação nacional atreladas a esses discursos. Observamos que o discurso emergente de certos personagens alude àhipocrisia como traço de identidade das formações discursivas e ideológicas da classe média-alta brasileira, cujos efeitos de sentido apontam para a cisão com a ideologia cordial. As bases estruturais dos preconceitos operados pelas enunciações do discurso literário contribuíram para analisarmos como são edificadas dinâmicas sociais que não cessam de mobilizar discursos violentos, especificamente os de extrema direita, os quais, eventualmente, são mascarados pelo álibi do uso hipócrita que se faz da ideologia cordial, a de senso comum, aquela em deriva ao conceito de "homem cordial" proposto por Sérgio Buarque de Holanda (1995).