A TRÍPLICE CONDUÇÃO DE SURDOS-PROFESSORES PRODUZIDOS NA MODERNIDADE: PRÁTICAS DE
GOVERNAMENTO DE SI E DOS OUTROS

Nome: DANIEL JUNQUEIRA CARVALHO

Data de publicação: 28/07/2023

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALINE LIMA DA SILVEIRA LAGE Examinador Externo
CAMILA BUENO GREJO Examinador Interno
JOSÉ RAIMUNDO RODRIGUES Examinador Externo
LUCYENNE MATOS DA COSTA VIEIRA MACHADO Presidente
PEDRO HENRIQUE WITCHS Examinador Interno

Resumo: A pesquisa desta tese problematiza olhar para a questão da educação de surdos na modernidade
e de suas práticas de conduta. Desde a fundação do instituto pelo abade l’Épée, os frutos do
trabalho dele após o seu falecimento, são assumidos pelo abade Sicard e segue o mesmo modelo
de produções com os alunos surdos-mudos. Algumas questões norteiam nosso trabalho, como:
Quando os seus alunos surdos-mudos se tornam os primeiros repetidores e professores, qual
seria a função deles? Eles ensinavam o que? Será o mesmo modelo de trabalhos de l’Épée e de
Sicard ou não? Ensinava só sinais de objetos e sinais de palavras por palavras? Tinham método
específico? Em que se assemelha ou distingue? Como se tornaram repetidores e professores
para um surdo-mudo naquela época? Existiam tipos de rituais? Como eram as práticas de
condução dos professores surdos-mudos? Os professores surdos-mudos manifestavam alguma
resistência ou eram submissos às práticas da instrução pelos abades? Essas indagações
possibilitam olhares de diferentes modos, assim como um pensar e fazer a partir de uma
problematização de como a modernidade contribuiu para observar as formas e os caminhos
para a tríplice condução. Assim, de modo difícil e arriscado, componho meu objetivo central:
compreender as práticas de tríplice condução de surdos-mudos dos séculos XVIII-XIX que
produzem o governamento de si e dos outros. Como objetivos específicos, essa tese buscou
analisar os discursos que foram circulados e contextualizados naquele tempo e espaço
construindo uma analogia com o nosso tempo: 1) identificar os documentos daqueles que
escreveram sobre a instrução linguística dos surdos-mudos com os abades l Éppé e Sicard
(1786); 2) discutir a tríplice condução (filósofo, professor e político) dos surdos-mudos Pierre
Desloge (1779), Jean Massieu (1808-1820), Laurent Clerc (1815, 1818) e Ferdinand Berthier
(1873); e 3) problematizar nos documentos as práticas de instrução linguística de si e dos outros
sujeitos. Em base de teorizações, utilizamos uma na dimensão platônica pela tríplice condução,
e a outra, pelo governamento de si e dos outros, na linha ótica foucaultiana. Este trabalho
intenciona problematizar essa tríplice condução dos surdos e como isso emerge na
modernidade na educação de surdos. A outra questão é: como eram as práticas de
governamento de si e dos outros para os sujeitos surdos-mudos dos séculos XVIII e XIX. Os
dados que compõem um arquivo foram utilizados a partir da seguinte série documental: 1) Nota
G do livro l’Abbé Sicard (série histórica do Ines, volume 4) que trata das cartas trocadas entre
o abade l Épée e o abade Sicard (1786); 2) Observations d’un sourd et muèt, sur un cours
Élémentaire d’Éducation des sourds et muèts (Pierre Desloges, 1779); 3) Biographies de Jean
Massieu - La reconnaissance est la mémoire du coeur (1808-1820); 4) Recueil des définitions

et réponses les plus remarquables de Massieu et Clerc Sourds-Muets aux diverses questions
qui leur ont été faites dans les séances publiques de M. L’abbé Sicard (1815); 5) Discours à
l'examen des élèves (Laurent Clerc, 1818), 6) Os banquetes dos surdos-mudos (obra sobre
Ferdinand Berthier, 1834-1848) e 7) Abade Sicard, célebre professor de surdos-mudos
sucessor imediato do Abade de l'Épée - Histórico sobre sua vida, seus trabalhos e seus sucessos
(Ferdinand Berthier, 1873 - tradução de 2012). Nas considerações que não precisam do fim, os
resultados das análises de dados têm mostrado a prática de tríplice condução de cada um, dos
surdos-mudos e dos abades, que em vários momentos são condutores das condutas de si (como
filósofo), dos outros (como professor) e, enfim, de todos (como político). E as práticas da
tríplice condução permanecem ainda no atual momento de diferentes formas e também de
outras modificações de condutas de si, dos outros e de todos.

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