ARTE POSTAL NA OBRA OBJETOS DESLOCADOS DE CRISTIANE REIS: UMA ANÁLISE DISCURSIVA CRÍTICA DA VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES NO ESPÍRITO SANTO

Nome: RENATA BARRETO DA FONSECA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 20/12/2022
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MICHELINE MATTEDI TOMAZI Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
RAQUELLI NATALE Examinador Externo
VIVIANE CRISTINA VIEIRA Suplente Externo

Páginas

Resumo: Os dados do Atlas da violência de 2019, 2020, 2021 apontam que o Espírito Santo liderou o ranking da Região Sudeste nas estatísticas de violência contra mulheres nos anos de 2007 a 2019. E esses casos de violência são constantemente noticiados pela mídia local. Esse cenário motivou a artista visual Cristiane Reis a produzir sua arte, que compõe o corpus de pesquisa desta tese. A série é intitulada Objetos deslocados, pois objetos do cotidiano, como: capacete, garfo e cadeira foram usados para agredir e matar mulheres. Esta série é composta por dezoito postais, apresentando narrativas de violência contra mulheres no Espírito Santo, com base nos noticiários de grande circulação do Estado. A artista se baseou no conceito de Arte Postal proposto por Bruscky (2006), trazendo os seguintes preceitos: informar, denunciar e protestar. Partimos da seguinte questão: como os postais intervêm, nesse contexto de violência, com notícias que naturalizam essas práticas? Assim, nosso objetivo geral é examinar, por uma perspectiva crítica do discurso, como a violência de homens contra mulheres no ES é representada nos postais. Temos como objetivos específicos: identificar as estratégias ideológicas e estruturas discursivas utilizadas para representar os atores sociais e a ação social nos casos de violência contra mulheres no ES; analisar os recursos multimodais usados na representação das imagens e verificar como se deu a mudança de função dos objetos. Para dar conta dos objetivos desta tese, utilizamos um aparato teórico-metodológico multidisciplinar que compreende pesquisas e teorias sobre violência contra mulher e patriarcado, por meio dos estudos de Saffioti (2001, 2004), Izumino e Santos (2005), Bourdieu (2002), Lerner (2019), Solnit (2017) e Walker (2009). Para abordar as questões de gênero, nos baseamos nas obras de: Scott (1995), Butler (2013, 2018), Hall e Lívia (2010), Adichie (2015, 2017), Despentes (2016) e Connell e Pearse (2015). Os questionamentos sobre os postais nos levaram a seguintes categorias de análise: multimodalidade, referentes, atores sociais, ação social e ideologia. Adotamos o aporte teórico dos Estudos Críticos do Discurso (ECD) de base Sociocognitiva, considerando as obras de van Dijk (1999, 2006, 2010, 2012ab, 2013, 2014, 2016) em diálogo com Kress e van Leeuwen (2006). Os resultados das análises mostraram que os casos de violência relatados ocorreram no contexto de uma relação afetivo-conjugal, marcado por homens e mulheres com suas representações sociais de agressores e vítimas respectivamente. O processo anafórico e os recursos multimodais indicam a mudança de função do objeto. Todos os postais têm em comum a ação violenta, reforçando a noção de agentividade do ator social. Apesar de reproduzirem a violência contra mulheres nas narrativas, os postais são uma arte denúncia. Portanto, são um manifesto, carregando todas as contradições de uma arte política. Palavras-chave: arte postal, violência contra mulheres, feminicídio, patriarcado, Estudos Críticos do Discurso.

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