Assédio sexual contra mulheres em transporte público: uma análise
discursivo-crítica de notícias do jornal on-line A Gazeta
Nome: MARTA AGUIAR DA SILVA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 31/10/2022
Orientador:
Nome | Papel |
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MICHELINE MATTEDI TOMAZI | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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VIVIANE CRISTINA VIEIRA | Examinador Externo |
MAYARA DE OLIVEIRA NOGUEIRA | Examinador Externo |
JANAYNA BERTOLLO COZER CASOTTI | Examinador Interno |
AMANDA HEIDERICH MARCHON | Examinador Interno |
MICHELINE MATTEDI TOMAZI | Orientador |
Páginas
Resumo: O assédio sexual em transportes públicos de uso coletivo é um problema
sociocultural, que amedronta e constrange mulheres por meio de abordagens
indesejadas de cunho sexual. A mídia pode reforçar essas ações ao estimular a
objetificação do corpo feminino e naturalizar comportamentos criminosos dos
homens. Por consequência, os leitores podem formar modelos mentais errados
sobre o assédio sexual em espaços públicos e suas vítimas e serão induzidos a
suscitar interpretações machistas construídas quando lerem outras notícias. A
pesquisa se justifica, dessa forma, pela necessidade de discutir a influência do
discurso midiático sobre o problema do assédio sexual contra mulheres em
decorrência da relevância da temática. Por isso, o objetivo deste trabalho é analisar estratégias linguístico-discursivas em notícias, publicadas no jornal on-line A Gazeta, sobre mulheres vítimas de assédio sexual em transporte público, e se as estruturas linguístico-discursivas funcionam como estratégias de ideologia e podem ser usadas por instituições jornalísticas para normalizar ações de violência. A metodologia qualitativa inclui coleta e seleção de notícias para posterior análise, utilizando, principalmente, a abordagem da Análise Crítica do Discurso de Teun A. van Dijk (2017 [2011], 2012 [2008], 2011, 2005, 2001, 1999, 1992, 1990, 1980). Visto o caráter multidisciplinar da ACD, discutimos também sobre o tema social e a mídia jornalística. Para abordar o assédio sexual pontuamos acerca das relações de gênero; a mulher e o homem nos espaços sociais; levantamento de trabalhos nacionais e da América Latina acerca do tema; leis brasileiras e internacionais; e dados do Instituto Patrícia Galvão/Locomotiva (2019; 2021) e da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (SESP, 2022). Para isso, utilizamos os trabalhos de Scott (1995), Saffioti (2004), Bourdieu (2002), Biroli (2018), Paul (2016), Butler (2003), entre outros. Para abordar o veículo de comunicação apresentamos um panorama histórico do jornal A Gazeta, discutimos ainda sobre mudanças no jornalismo, características do gênero notícia on-line e violência contra mulher no jornal A Gazeta. Nessa discussão, autores como Bakhtin (2011), Lage (1993), Hall et al. (1993) Traquina (2005); Jorge (2013), Xavier (2010), Natale (2015; 2019; 2020), Tomazi (2019; 2020) e outros foram fundamentais. O resultado das análises das notícias indica aspectos positivos, como topicalizar nas manchetes o assediador e o crime, identificar mulheres como vítimas e as ações sociais como assediar ou importunar, dar voz as vítimas e abordar conhecimentos feministas e jurídicos. Contudo, os aspectos negativos são maioria: associar nas manchetes a violência estudada às mulheres com menor poder aquisitivo, deixar em segundo plano relatos de medo para denunciar; representar positivamente e dar voz as mulheres somente por frequentarem o espaço de trabalho, andarem acompanhadas, vestirem-se adequadamente, andarem armadas, pedirem ajuda ao pai e terem um cargo de valor hierárquico superior. Além disso, o jornal parece naturalizar e eufemizar o assédio por meio da reprodução de palavras da vítima (piadinhas), e outros. Dessa maneira, esses aspectos podem influenciar na construção, manutenção e reprodução de ideologias negativas sobre as vítimas e de pouca ou nenhuma contribuição para prevenir e/ou acabar com a violência de gênero. Palavras-chave: Assédio sexual. Análise crítica do discurso. Mídia. Ideologia.