DIÁLOGOS NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR:
A LEITURA NO ENSINO MÉDIO EM FOCO
Nome: ISADORA CÁSSIA LÚCIO DA ROCHA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 10/09/2021
Orientador:
Nome | Papel |
---|---|
LUCIANO NOVAES VIDON | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
---|---|
ANDRÉA ANTOLINI GRIJÓ | Examinador Externo |
CLAUDIA JOTTO KAWACHI FURLAN | Examinador Interno |
LETÍCIA QUEIROZ DE CARVALHO | Suplente Externo |
LUCIANO NOVAES VIDON | Orientador |
ROBERTO PEROBELLI DE OLIVEIRA | Suplente Interno |
Resumo: Este trabalho discute a noção de leitura presente na Base Nacional Comum
Curricular a BNCC (BRASIL, 2018) em sua seção voltada para o Ensino Médio.
A leitura tem sido estudada, no Brasil, a partir de diferentes perspectivas
(KLEIMAN, 1989; 1993; LAJOLO; ZILBERMAN, 1996; FREIRE, 2011). Essas
perspectivas têm sido incorporadas, de certa forma, pelas avaliações em larga
escala e documentos como a BNCC. No entanto, nos últimos anos, com o mundo em movimento e a heterogeneidade das relações na contemporaneidade, outros sentidos para a leitura têm sido produzidos pelos alunos e pela sociedade em geral. Enquanto os alunos produzem sentidos para leituras diversas leituras na internet, nos livros e na rua avaliações em larga escala e documentos como a BNCC tomam como comum, no caso da leitura, algo extremamente heterogêneo, o que nos provoca a seguinte questão: será que essas avaliações em larga escala e os documentos oficiais como a BNCC concebem a leitura a partir desse ponto de vista
heterogêneo, heteronormativo e pluridiscursivo? Pensando nisso, esta pesquisa
apresenta uma análise da versão final da BNCC, homologada em 2018, acerca da concepção de leitura adotada para o Ensino Médio no componente curricular de Língua Portuguesa. A discussão desta dissertação está alinhada com os trabalhos da Linguística Aplicada contemporânea de vertente indisciplinar, antidisciplinar, mestiça e transgressiva (FABRÍCIO, 2006; MOITA LOPES, 2006; PENNYCOOK, 2006; VIDON, 2019; ROJO, 2013). O trabalho, então, segue um histórico da fabricação do componente de Língua Portuguesa no Brasil (BUNZEN, 2011; SOARES, 2002, PIETRI, 2003), que contribui para uma compreensão do lugar da disciplina na atualidade; apresenta também uma discussão sobre os estudos em políticas linguísticas e agenciamento (RAJAGOPALAN, 2013a, 2014; RIBEIRO DA SILVA, 2013). Além disso, o trabalho é perpassado pelas discussões do Círculo de Bakhtin (BAKHTIN, 2001 [1927]; BAKHTIN, 2011 [1919]; BAKHTIN, 2013 [1963]; BAKHTIN, 2014 [1924]; MEDVIÉDEV, 2016 [1928]; BAKHTIN, 2017 [1920-24]; BAKHTIN/VOLÓCHINOV, 2017 [1929]; VOLÓCHINOV, 2019 [1921-30]) sobre
a linguagem para o entendimento das relações sócio-históricas que constituem o documento em questão, mas também os sujeitos envolvidos nas dinâmicas que pressupõem a Base Nacional Comum Curricular. Como estratégia de análise, o estudo adota uma metodologia qualitativa de base dialógica e indiciária (GINZBURG, 1986; OLIVEIRA, 2021); dessa maneira, a BNCC é analisada em seu todo arquitetônico (PADILHA, 2015; ROCHA; VIDON, 2020), levando em consideração seu conteúdo proposicional, enunciativo e também seu entorno histórico, político e ideológico. Percebemos neste trabalho que a BNCC é um resultado de um jogo de forças centrípetas e centrífugas, além de orientar-se de acordo com as demandas sociais, políticas e ideológicas de seu contexto de produção. Apesar de apresentar, em certos momentos, uma visão de leitura mais ampla e dialógica, a versão final do documento conduz para a formação de reconhecedores de estruturas, e não para a formação sujeitos que compreendem ativamente aquilo que leem.