O ESPAÇO INTERSUBJETIVO COMO ACONTECIMENTO NA PRODUÇÃO DE POLÍTICAS DE TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO NO INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

Nome: FERNANDA DOS SANTOS NOGUEIRA

Data de publicação: 26/02/2025

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
KEILA CARDOSO TEIXEIRA Presidente
LARISSY ALVES COTONHOTO Examinador Externo
NEIVA DE AQUINO ALBRES Examinador Externo
PEDRO HENRIQUE WITCHS Examinador Interno
REGINALDO CELIO SOBRINHO Examinador Interno

Resumo: A presença da tradução e interpretação nas instituições federais tem se expandido, mas sua estruturação ainda enfrenta desafios institucionais e políticos. Parte-se da hipótese de que a criação de espaços intersubjetivos, nos quais diferentes sujeitos possam compartilhar suas experiências e necessidades, é essencial para que as políticas institucionais respondam de forma mais efetiva às demandas da comunidade acadêmica. Diante desse cenário, esta tese investiga a construção coletiva de políticas de tradução e interpretação no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), focalizando a inter-relação entre os tradutores e intérpretes de Libras-português (TILSP), os usuários do serviço e as configurações institucionais que atravessam esse campo.
O objetivo geral é discutir a formulação dessas políticas, compreendendo a tradução e interpretação não apenas como um serviço técnico, mas como um espaço de articulação coletiva. Para isso, a pesquisa se organiza em três objetivos específicos: (1) examinar os atravessamentos que emergem na relação dos TILSP com os serviços que realizam no Ifes; (2) analisar, junto a surdos e ouvintes, como se dá o acesso e a interação com a tradução e interpretação na instituição; e (3) problematizar os efeitos da perspectiva arendtiana na elaboração dessas políticas. Ancorada na concepção arendtiana de política como espaço de ação
e na noção de presença em Gert Biesta, a investigação adotou a cartografia como metodologia.
O Ifes foi cartografado a partir da experiência de seus agentes, buscando compreender os deslocamentos e os atravessamentos que configuram a tradução e interpretação no cotidiano da instituição. Como procedimento metodológico, foram realizadas Rodas de Conversa com dois grupos: usuários do serviço estudantes e profissionais surdos e ouvintes, e TILSP que atuam no
Ifes. Esses encontros permitiram mapear as vivências dos participantes e capturar as tensões e possibilidades da prática profissional nesse contexto. A análise apontou que a institucionalização da tradução e interpretação não se reduz a normativas e regulamentações, pois se trata de um campo em constante negociação, no qual diferentes sujeitos atuam e ressignificam suas práticas. No grupo dos usuários, emergiram discussões sobre experiências individuais, estratégias de acesso ao serviço e o protagonismo surdo na construção das políticas institucionais. No grupo dos TILSP, destacaram-se debates sobre as condições de trabalho, os desafios da profissão e a necessidade de articulação coletiva para consolidar práticas mais sustentáveis dentro da instituição. Os resultados indicam que a formulação de políticas de tradução e interpretação no Ifes exige um processo dialógico e participativo, no qual tanto usuários quanto profissionais atuem ativamente na construção de diretrizes institucionais. A
ampliação da presença da Libras na instituição passa pelo reconhecimento da tradução e interpretação como um espaço de autoria compartilhada, no qual os profissionais não são apenas mediadores linguísticos, mas agentes fundamentais na construção de um ambiente acadêmico que contemple a diferença linguística. Dessa forma, esta tese não apenas acompanha a trajetória da tradução e interpretação no Ifes, mas analisa criticamente os fluxos que constituem esse serviço, evidenciando como ele se inscreve nas transformações institucionais e como pode ser ressignificado a partir da escuta, da ação e da construção coletiva.

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