MI PARLO TALIÀN: ANÁLISE SOCIOLINGUÍSTICA DO BILINGUISMO PORTUGUÊS-DIALETO ITALIANO NO MUNICÍPIO DE SANTA TERESA, ES

Nome: SARAH LORIATO RODRIGUES
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 28/08/2015

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANNITA GULLO Examinador Externo
EDENIZE PONZO PERES Orientador
RIVALDO CAPISTRANO DE SOUZA JÚNIOR Examinador Interno

Resumo: A presente dissertação resulta de uma pesquisa sobre a presença das variedades dialetais da Itália setentrional como línguas de imigração no município de Santa Teresa, localizado na região serrana do Espírito Santo. Este trabalho se justifica porque, após 140 anos da chegada dos primeiros italianos em Santa Teresa, ainda não existem estudos que abordem questões relacionadas às variedades dialetais italianas nesta localidade. Considerando este cenário, o objetivo deste estudo é oferecer um panorama da situação bilíngue português-dialeto italiano no município, com a identificação das áreas de maior ou menor uso do dialeto e ainda os fatores determinantes para a escolha linguística, os domínios de usos, as funções e as atitudes linguísticas dos falantes. Outro objetivo do estudo foi documentar algumas tradições orais italianas ainda presentes em Santa Teresa. Os dados foram coletados por meio de observação participante, questionário sociolinguístico e 146 entrevistas semiestruturadas, nas quais os informantes foram divididos por local de residência (zona rural e urbana) e em três faixas etárias (entre 08-30 anos, 31-60 e acima de 60 anos de idade). Os resultados encontrados demonstram que o termo taliàn, que significa italiano nos dialetos da Itália setentrional (cf. BOERIO, 1856; RICCI, 1906 etc.), é usado pela maior parte dos falantes da faixa etária acima de 60 anos das zonas rural e urbana. Analisando diacronicamente o processo de uso do dialeto italiano através dos diferentes domínios, no período da infância dos informantes e na atualidade é possível verificar a perda do dialeto no trajeto de vida dos falantes das faixas etárias de 31-60 anos e dos acima de 60 anos. Entre os informantes da faixa etária de 08-30 anos, verifica-se um quase completo monolinguismo português. Entre os informantes da faixa etária de 31-60 anos, o uso do dialeto italiano é fortemente influenciado pela idade do interlocutor: usam-no mais com seus avós do que com seus pais, e com seus pais mais do que com seus irmãos. Entretanto, nenhum informante desta faixa etária relatou usar o dialeto italiano com os filhos. Em resumo, o uso do dialeto italiano somente entre os membros mais idosos indica o processo de sua substituição pelo português e aponta que sua transmissão às gerações mais jovens está seriamente prejudicada. A análise das atitudes linguísticas dos informantes acima de 60 anos permitiu constatar que o desprestígio e o preconceito em relação ao uso do dialeto são recordações do passado. Por outro lado, os relatos em relação ao uso do dialeto na atualidade referem-se a associação da língua e da cultura de origem italiana com elementos positivos; à vontade explícita de manutenção do dialeto pelos adultos e idosos, à recuperação da língua de imigração pelos informantes de 08-30 anos. Aliás, entre os mais jovens, percebe-se uma tentativa de retorno às origens, de valorização da cultura e da língua dos antepassados.

Palavras-chave: Contato linguístico. Bilinguismo. Dialetos italianos. Tradição oral.

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