Variação sintática das orações adverbiais finais: similaridades e diferenças entre fala e escrita

Nome: CARLOS EDUARDO DEOCLECIO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 31/08/2011
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MARIA MARTA PEREIRA SCHERRE Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
EDAIR MARIA GÖRSKI Examinador Externo
LILIAN COUTINHO YACOVENCO Examinador Interno
MARIA MARTA PEREIRA SCHERRE Orientador

Resumo: Esta dissertação tem por finalidade analisar a variação sintática das orações subordinadas adverbiais finais, ora desenvolvidas, ora reduzidas, na fala e na escrita, cujas ocorrências se ilustram nestes exemplos: [...] a mãe corta essa ligação para que o filhote aprenda a cuidar de sua vida (dado de final desenvolvida, do corpus da escrita) e [...] cheguei em casa chorando pra não... pra ela não me bater (dado de final reduzida, do corpus da fala). Para essa análise, parte-se da orientação teórico-metodológica da Sociolinguística Variacionista, sobretudo em Labov (2008), complementada pelo uso de princípios do Funcionalismo norteamericano, como o da marcação (GIVÓN, 1995), o da economia e o da iconicidade (HAIMAN, 1983). O corpus da língua falada é formado por 19 células da amostra PORTVIX (conjunto de entrevistas nos moldes labovianos, realizadas com falantes da cidade de Vitória/ES), e o da língua escrita é constituído de 35 reportagens da revista Superinteressante.
Para a quantificação dos dados extraídos desses corpora, foi utilizado o programa computacional Varbrul, em sua versão GoldVarb X (SANKOFF; SMITH; TAGLIAMONTE, 2005), que propicia uma análise em termos da relevância estatística das variáveis que exercem influência sobre a variação do fenômeno investigado. Em termos globais, o percentual de
finais desenvolvidas foi de 3% na fala e 16% na escrita, logo 97% e 84% de reduzidas, respectivamente. Foram controladas cinco variáveis independentes de natureza linguística e três de caráter social, entre as quais foram selecionadas pelo programa, por sua significância
estatística, as seguintes: para os dados da fala, características sintático-semânticas do sujeito da oração principal (com o fator sujeito não controlador favorecendo as finais desenvolvidas, com 23.1% das ocorrências, e peso relativo de 0.94); explicitação do sujeito da adverbial final (com o fator sujeito explícito aumentando a média das desenvolvidas para 10.8%, com peso relativo de 0.91); e nível de escolarização do informante (favorecendo as finais desenvolvidas o fator ensino superior, com 6.7% de frequência e peso relativo de 0.84); para os dados da escrita, a correferencialidade do sujeito da adverbial final, de maneira que as finais desenvolvidas são favorecidas pelos fatores sujeito parcialmente correferente (29.6% de frequência e 0.81 de peso relativo) e sujeito não correferente (51.6% de uso e 0.76 de peso relativo); e a explicitação do sujeito da adverbial final, em que o fator sujeito explícito é favorecedor dessa variante (85.7% de frequência e peso relativo de 0.97). Entende-se, neste trabalho, que a correlação entre a (não) correferencialidade e a (não) explicitação do sujeito da adverbial final ocorre por motivação econômica, em que a primeira motiva a segunda, e que a maior ou menor codificação na posição de sujeito motiva, por iconicidade, a ocorrência da final desenvolvida, no primeiro caso, e a da reduzida no segundo. Depois de aferidos e analisados os resultados obtidos, conclui-se que a variação sintática das adverbiais finais não é um fenômeno de caráter regional, por estar alinhado aos resultados encontrados em trabalhos desenvolvidos previamente, como os de Finck (2000), para a fala, e os de Azevedo (2000), para a escrita. Trata-se, portanto, de um fenômeno substancialmente interno do sistema linguístico do português.

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